Exposição anterior:
Moisés Duarte
Bio-dimensão
de 2011-12-11
a 2012-01-13
É no conflito entre a cor e a forma que a imagem acontece…
Fulminados, constantemente, por um incessante conjunto de imagens descartáveis, somos por vezes domesticados por elas, não nos apercebemos da extensão ou da intensidade da agressão que sobre nós é exercida.
Esta exposição parte da procura de uma pintura de formas simples, contemplativa, que iluda o olhar, que encante ou transmita um rasgo de alegria - pura. Não se encontra aqui uma mensagem de todo objectiva, apenas conjuntos de formas em composições que pretendem transmitir uma atmosfera poética. Um acontecimento poético.
Fragmentos plausíveis da realidade, sugerida…
Harmonia e contrastes impetuosos associam-se num conjunto de possibilidades – interacção e saturações de cor, expressividade no íntimo jogo com a percepção. A cor é aqui o valor determinante que dirige ela própria o método da pintura e o processo de formação do discurso. Uma pintura ampla, de áreas acetinadas, lisas e planas – bidimensional, onde a justaposição de cores sólidas concorre para a ilusão do objecto, onde conjuntos de superfícies anónimas geram contradições entre o espaço pictórico abstracto e o representativo. Os espaços vazios e alguma condensação da forma, operada pela ausência de traços visíveis de pincel e a ausência de textura, reduzem as formas naturais aos seus elementos constitutivos de base e eliminam factores que, como o efeito de luz, poderiam afectar a percepção da estrutura dessas representações. Apresentamse formas que nos transportam a um universo onde coabitam a ambiguidade entre a identificação e a estranheza, onde a pintura se configura como um simples objecto, mas que ao mesmo tempo é uma imagem, num oscilar entre a ilusão e a realidade.
Moisés Duarte, 2010
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