Exposição anterior:
Nicoleta Sandulescu
E se ?
de 2021-12-18
a 2022-01-26
E se?
Trata-se de uma investigação na qual os objetos domésticos com utilidade predeterminada ganham uma nova função e tornam-se protagonistas de uma série de imagens, hipóteses inventadas absurdas e descabidas para questões estranhas.
Tudo, por fim, converge numa nova ótica e numa relação entre objeto e corpo cujas projeções correspondem não ao real mas sim àquilo que se encontra no plano da imaginação.
Trata-se de objetos das nossas rotinas, cuja reinvenção deu-se por meio de outras abordagens da realidade, onde existem outras atividades e outra ordem de prioridades.
Esta série procura reivindicar a ideia de pertença dos nossos objetos no dia a dia, evidenciando como seria se fosse ao contrário, dando origem a um pequeno palco de vivências inventadas onde os espaços interior e exterior se completam e dialogam. Assim sendo, surgem ambientes que se alimentam do estabelecimento de ligações inusitadas entre as coisas de uma casa e de um corpo.
Procurou-se libertar o objeto da sua função sugerindo múltiplas leituras e uma nova existência polivalente, uma nova identidade adquirida. Nesse processo de descontextualização e releitura do objeto doméstico, a abordagem lúdica e humoristica foi essencial.
Os objetos “desobedientes” provavelmente estarão em negociação contínua com quem os interpretar, pois são usados para brincar com a lógica, e desafiar as normas.
A casa como primeiro universo de um indivíduo é o local onde se formam as imagens e memórias. É o espaço onde pensamentos e sonhos se integram, ajudando-nos a aprofundar a experiência que nela se vive.
Gaston Bachelard, na sua obra “A Poética do Espaço” fala na casa como o lugar destinado para o sonho e para o devaneio. Bachelard deixa-nos intuir que a casa é “um corpo de sonhos”.
O território onde tudo é possível é o espaço que habito sendo o espaço dos teatros onde sou sempre diferente e onde os “acessórios de cena” reforçam uma mudança de perspetiva sobre os nossos ambientes quotidianos. A casa converte-se num território para o exercício da liberdade e da imaginação.
Portanto, a casa reune uma vasta coleção de possíveis imagens e o corpo localiza-se como uma morada, de onde partem ações. A casa e o corpo parecem combinar-se numa só coisa. Aquilo que os liga é a presença de um no outro.
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