Exposição anterior:
Cristina Valadas
Encontro - Rendezvous
de 2019-05-10
a 2019-06-14
Encontro
“A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro ...”
Vinícios de Morais
O Ser Humano é o assunto principal de todo o meu trabalho e é através dele, aliás, que
tenho a experiência do mundo que me rodeia.
Quanto mais mergulho no sentido de me encontrar, mais tenho noção de que a distância
que vai do meu verdadeiro Ser à imagem que tenho da minha identidade é muito, muito
grande. É a distância que me afasta e me faz ter uma ideia irreal do mundo.
O encontro e o relacionamento com os outros dá-nos a possibilidade de trabalharmos as
nossas dificuldades, ultrapassá-las e abrir espaço para uma melhor perceção de nós
mesmos. No fundo abre caminho na direção do Amor.
A exposição, à volta do encontro connosco mesmo ou com os outros, constituindo assim
uma espécie de ponto de encontro, engloba trabalhos de diferentes técnicas de
expressão, elaboradas em tempos distintos.
Nela podemos ver caixas de luz em formatos diferentes. Resultam de memórias de
infância, de visitas à neonatologia no Hospital de Santo António, no Porto, onde, num
ambiente de penumbra, se podia ver pontos de luz muito suaves, as incubadoras que
guardavam os recém-nascidos nos seus primeiros dias de vida.
Estas caixas de luz refletem momentos de recolhimento, outras vezes de encontro, onde
a ausência de peso permanece, relembrando-nos por vezes ambientes aquáticos.
Da mesma altura são as aguarelas aqui expostas. Nelas as figuras femininas e masculinas
dialogam no espaço, flutuando sem gravidade, entre formas orgânicas, que em alguns
casos relembram o útero.
Depois, temos as máscaras em “papier maché “ou cartão cortado. Um tema que venho a
aprofundar desde há algum tempo, pelo interesse ou fascínio do que podem ocultar ou
representar, considerando que o Ser Humano guarda e veste várias facetas.
Destaco, ainda, uma série de desenhos a lápis de cor, sobre cartolina preta, de natureza
mais intimista, por vezes abordam diferentes vertentes do amor ou temas de natureza
mais oculta como o campo energético do corpo, representado pela aura ou chacras/vórtices
energéticos.
Mais recentes ainda são as caixas com figuras articuladas, que podem ser manuseadas
pelo observador, a quem é dada a hipótese de participar na escolha da postura da figura
e, assim, a interagir com a obra em si.
Cristina Valadas, Abril 2019